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sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Novo ciclo de respeito e decência
Em 31 de Agosto Angola realizou eleições. Foi uma grande vitória política para os angolanos. E foi uma grande lição para o mundo. O processo foi bem organizado e melhor realizado. Todos ficámos a saber quem são os nossos políticos e em que modelos filosóficos se encaixam, mesmo que alguns não tenham trazido nada de novo.
Já acompanhei muitas eleições e nunca vi tanto cuidado em fazer tudo como mandam as boas regras internacionais. A circulação foi facilitada pelas estradas de asfalto, pela desminagem e pelo desarmamento
da população civil. No acesso aos velhos e novos Media, não consta que alguém tivesse chocado em algum obstáculo. Quem não fez melhor, é porque não soube.
Algumas formações políticas da oposição quiseram continuar a marcar na luta política um comportamento de distanciamento e auto-exclusão dos grandes projectos nacionais, marca de um posicionamento evidenciado nos dez anos de paz. Essas formações afastam-se até daquilo o que de bom está a ser feito, um erro monumental, porque os eleitores não compreendem essa atitude. Se alguém é apenas capaz de ver insucesso onde toda a gente vê sucesso, como pode mobilizar vontades e ser acompanhado num projecto de Nação? É um grande risco político e isso vai ser mais claro no novo ciclo político.
Não basta falar em “mudança”. A campanha pela “mudança” falhou não só porque foi absurda, num país em crescimento e progresso, mas também porque nenhum dos adversários do Executivo demonstrou ter capacidade de fazer melhor. O “change” subtraído a Obama falhou porque faltou o outro lado do projecto que levou Obama à Casa Branca: o “Yes We Can”.
Em 31 de Agosto, Angola preferiu seguir claramente o slogan do MPLA que é agora a bandeira de campanha de Obama: “Vamos Continuar!” Sem capacidade para compreender o que é prioritário propor ao eleitorado, os dirigentes da UNITA, PRS e CASA-CE falharam e não foram capazes, até gora, de reconhecer as suas derrotas.
Não tiveram o gesto democrático de felicitar os vencedores.
Uma falha inaceitável e imperdoável em todos os sentidos.
Se pensarmos como a oposição derrotada, quem teve 18 por cento de votos acha que conseguiu votos para ganhar e portanto não tem que aceitar a derrota. Quem apenas chegou aos seis por cento, pensa o mesmo. E quem ficou por um por cento, também acha que só perdeu porque “houve fraude”.
Pensar assim, persistir na falta de decência, é insultar os milhões de angolanos que votaram em José Eduardo dos Santos e no MPLA, é insultar a Comissão Nacional Eleitoral e o Tribunal Constitucional. É dar a entender que não foram às eleições por causa dos votos, mas apenas para liquidar alguém ou alimentar as campanhas internacionais contra o próprio país, com esperanças numa salvação externa. Assim , estão a trair os que acreditaram neles e lhes confiaram os votos.
Angola tem um grande povo que aprendeu a fazer das fraquezas forças e não se pode ignorar que este povo passou por muitos e grandes sacrifícios. Os angolanos deram exemplos ao mundo de coragem e abnegação. Mostraram que apesar das suas insuficiências naturais, jamais aceitaram a submissão e descobriram que são milhões e contra milhões quem combate, perde.
Este povo grandioso e com uma História exemplar, que demonstrou ao longo dos séculos um amor à liberdade e independência, está entre os primeiros na galeria dos construtores da democracia.
Por isso não merece que o tratem como estúpido, brinquem à democracia e às eleições, desafiem e arrestem os seus direitos, a sua liberdade e soberania.
Quando isso acontece, a resposta, na minha opinião, deve ser recíproca e democrática: olho por olho dente por dente.
Angola não merece que alguns dos seus filhos transformem a política num jogo sem ética nem decência e que ameacem juntar-se ao jogo sujo internacional para conspirarem contra a democracia angolana e a vontade soberana do povo expressa livre e tranquilamente nas urnas.
Quando se juntam em seitas, o sofrimento é maior. E se ninguém enfrentar e travar o desrespeito e o abuso do “grande monstro”, é o fim. Todos sabemos até que ponto chegou Angola e como os seus inimigos se chegaram a vangloriar de vê-la morrer.
Os angolanos escolheram um caminho político e uma via de desenvolvimento e adoptaram o projecto político que pensam ser o que mais se adequa ao seu bem-estar e à sua felicidade. Esse caminho tem de ser respeitado. Com o novo ciclo político que se abre, esperemos que as cabeças arrefeçam e a política ganhe outra maturidade.
José Ribeiro, in Jornal de Angola
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