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quarta-feira, 14 de março de 2012
Agrónomo antevê fome no centro do país devido à seca
Engenheiro agrónomo Fernando Pacheco
O engenheiro agrónomo angolano, Fernando Pacheco, disse hoje, em Luanda, prever momentos de acentuada fome e miséria a nível da região centro-sul de Angola, como consequência da ausência prolongada ou irregularidade na queda de chuva, quase em todo o país.
Em entrevista, o antigo presidente da Acção Para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) referiu que as províncias do Huambo e do Bié serão as mais lesadas, tendo em conta que a maioria da população local vive da agricultura de subsistência.
Fernando Pacheco, que se pronunciava a propósito das “consequências da estiagem na agricultura no país”, salientou que a situação já está a criar problemas difíceis aos agricultores que vivem da sua própria produção, quer do ponto de vista da alimentação, quer em termos de rentabilidade.
Além desses factores, o agrónomo apontou como resultados negativos da seca que se vive desde a última estação de cacimbo, por quase todo o país, o aumento do desemprego, o incumprimento dos contratos no âmbito do crédito agrícola de campanha ou de investimento, bem como o aumento da importação dos produtos do campo.
Outra consequência em vista, na óptica do especialista, é a emigração de pessoas a viverem nos campos para as cidades, o que poderá fomentar mais ainda à fome e à pobreza em determinadas localidades de Angola.
Questionado sobre possíveis soluções para contrapor o actual quadro, Fernando Pacheco afirmou que “agora já não há nada por se fazer”, senão esperar cair intensas chuvas nos próximos tempos, porque se deixou passar a época para a aposta em culturas adaptáveis à situação, como a do milho, batata-doce e mandioca.
Neste contexto, apela às autoridades competentes para atenção redobrada aos agricultores, particularmente na distribuição de semente, viaturas e ouros instrumentos essenciais.
Por outro lado, engenheiro Pacheco defende (embora reconheça ser oneroso) investimentos sérios no regadio para, em próximos casos, o país ter alternativas à estiagem na agricultura.
Contudo, o ex – presidente da ADRA disse também que tecnicamente não se pode considerar essa fase como “seca efectiva”, uma vez que a estiagem como tal deve obedecer, no mínimo, a um período superior a dois anos. “O que está a acontecer é que a chuva está irregular” – explicou, apelando paciência aos agricultores.
in ANGOP de 14.03.2012
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