quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O líbero do Petro do Huambo que gostava de rematar à baliza

Carlos Pedro de Melo, 46 anos, ou simplesmente Carlos Pedro, como o tratam no meio futebolístico, é daquelas pessoas que se pode gabar de se ter dado bem como futebolista e como treinador nos Palancas Negras, onde se estreou em 1986 e 2012, respectivamente. O futebolista que se notabilizou como líbero (médio de cobertura e que faz “dobras” aos defesas laterais e centrais), começou a representar a selecção nacional em 1986, sob orientação do brasileiro António Clemente, onde ainda encontrou craques como Jesus, Dunguidi, Abel e Saveedra, entre outros, tendo sido um dos poucos “miúdos” que na altura já faziam “sombra” aos veteranos. Naquela altura, o Petro do Huambo, era das poucas equipas do interior que chegava a fornecer entre cinco a seis jogadores à selecção nacional de seniores, pois além dele faziam parte da sua geração “o Almeida, Aníbal, Toni, Bolingo, Savedra, Pikas, Mona, Moluzio e Luís Bento”, recorda o antigo craque. 

Carlos Pedro passou pelos juvenis do Petro do Huambo, aos 16 anos, onde encontrou Manuel Rego como treinador. Já nos juniores foi Nina Serrano que o moldou, tendo ganho o campeonato nacional de 1984, disputado no Lubango (Huíla), actuando sempre na posição de libero. Ascende ao escalão de seniores em 1995, onde encontra Arlindo Leitão que o adaptou a trinco, posição que em 1987 o leva a ser o segundo melhor marcador do Girabola com 19 golos, atrás de Mavó (Ferroviário da Huíla) já falecido. Quando, Carlos Pedro se transfere em 1988 para o Petro de Luanda, por motivos escolares continuou a treinar durante seis meses no Huambo e jogava no Girabola pelos “tricolores” da capital nos fins-de-semana, permitindo-lhe assim concluir a sua formação média no Instituto Pedagógico, ao mesmo tempo que representava um clube que oferecia melhores condições salariais e não só. “Durante meio ano vinha à Luanda aos fins-de-semana e regressava ao Huambo na segunda-feira. Sempre fui titular da equipa no Petro de Luanda, onde fiquei quatro anos e ganhei três Girabolas consecutivos (1988, 89 e 90) e uma Super Taça de Angola”, assinalou.

MOMENTOS ALTOS
Três apuramentos para o CAN


Em 2000, Carlos Pedro fez a sua última época em representação dos Palancas Negras, deixando muitas saudades. “Foram os momentos mais memoráveis da minha carreira desportiva, aqueles que estiveram no centro do apuramento do CAN de 1996 na África do Sul com o professor luso-cabo-verdiano Carlos Alhinho e logo a seguir o CAN de 1998 com o Professor Neca, de nacionalidade portuguesa”, revelou. Doze anos mais tarde, passou a vestir o equipamento de treinador adjunto, coadjuvando o seleccionador Lito Vidigal. “Pessoalmente, considero um êxito a minha integração no grupo de Lito Vidigal, porque pela primeira vez, quando entro como treinador adjunto conseguimos ir a uma final do CHAN (Taça de África das Nações disputada apenas com os jogadores que disputam os respectivos campeonatos nacionais)”, destacou. 

Logo a seguir apurámo-nos para o CAN de 2011, disputado na Guiné Equatorial e Gabão, quando a selecção nacional de Angola estava na última posição. Entrámos na selecção como treinadores (o Lito e eu) com um ponto e terminámos a competição com 12 pontos, à frente do Quénia que já tinha 7 pontos antes de nós entrarmos.Foi, de facto, reconfortante”, reconheceu Carlos Pedro. Para Carlos Pedro, aqueles momentos de alegria contrastaram com a tristeza que se seguiu ao afastamento prematuro do CAN, em que Angola no último jogo com a Costa do Marfim por 2-0, quando até uma derrota por 1-0 garantia o apuramento. O segundo golo dos marfinenses contra os Palancas Negras foi marcado pelo Dany Massunguna na própria baliza.

EXPERIÊNCIA
Nove anos no profissionalismo

De 1992 a 2002, Carlos Pedro foi jogador profissional em várias equipas de Portugal, nomeadamente a Académica de Coimbra (92/95), Sporting de Espinho (95/01), União da Madeira (01/02), com outras experiências em Badajoz (Espanha), Necaxa (México) e Shen Zen (China). “Quando cheguei ao Sporting de Espinho, a equipa estava na II Divisão e lembro-me que marquei o golo contra a Ovarense, em Ovar, que garantiu a subida de divisão da equipa”, recordou. Segundo Carlos Pedro, quando jogou no estrangeiro não ganhou quase nada em termos financeiros, por ter entrado na casa dos 27 anos. “Ganhei, sim, maturidade, conheci o profissionalismo e, essencialmente, fiz muitas amizades que perduram até hoje e o suficiente para sobreviver”, reconheceu. Actualmente, Carlos Pedro trabalha no Departamento das Selecções Nacionais da Federação Angolana de Futebol (FAF).Carlos Pedro é formado pela Universidade Jean Piaget de Angola em Motricidade, especialidade que estuda as ciências do desporto e a reabilitação física.
in Jornal dos Desportos de 14.02.2013

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