sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Historial de um jornal que conquistou espaço


O Jornal dos Desportos atingiu ontem, 31 de Janeiro, dezanove anos da sua existência. É um título que hoje por hoje conquistou o seu espaço e que cativa os milhares de amantes do desporto espalhados pelo país, por obra de muitos espinhos e sacrifícios dos seus escribas. O JD traduz a realidade daqueles que se revêm no apaixonante mundo do desporto, desde o “rei” futebol ao basquetebol, andebol, xadrez, karaté, entre outras modalidade de luta e individuais. A 31 de Janeiro de 1994, quando chegou às bancas a primeira edição do Jornal dos Desportos, um emaranhado de projectos e ideias englobaram a estratégia traçada pela direcção deste título das Edições Novembro.

Até 1994, as Edições Novembro contavam apenas com o Jornal de Angola, um dos pilares da imprensa escrita no país. Numa fase mais ou menos aproximada à do surgimento do Jornal dos Desportos, nasceu nesta casa de imprensa o Correio da Semana, um título que também deixou a sua marca. Hoje desaparecido das bancas, ficam apenas algumas das referências do Correio da Semana, dirigido na última fase pelo jornalista Paulo Pinha, e onde pontificavam nomes como os Fernando Martins, com a sua rubrica Crónicas de Lanchonete, Sebastião Marques, com os seus apetecíveis textos sobre Cultura, e tantos outros.

Hoje, as Edições Novembro contam com outros dois títulos. Trata-se do Jornal de Economia & Finanças e do Cultura, que se vão afirmando para agrado dos leitores. O Jornal dos Desportos, que por mérito próprio se afirmou, dispensa hoje comentários. A sua afirmação nos diferentes pontos do país é uma realidade inequívoca. Neste contexto, quero recordar que na segunda metade dos anos 90 o Jornal dos Desportos já possuía uma rede de correspondentes, que faziam com que tivesse dimensão nacional. Refiro-me particularmente ao Morais Canâmua, na Huíla, ao malogrado padre Muanamosi Matumona, no Uíge, ao Mário de Carvalho, em Benguela, ao Júlio Gaiano, no Lobito, e eu, particularmente, que a partir do Namibe, cidade da Welwitchia Mirabilis (depois de uma passagem pelas terras altas da Chela), dávamos ênfase a essa dimensão nacional.

Mais tarde, outros talentos foram surgindo a nível provincial. Nesse particular, posso citar o Joaquim Suami, de Cabinda, o Manuel de Sousa, do Namibe, e o Gabriel Ulombe, do Huambo, com passagem pela Huíla. Na senda de correspondentes, podemos ainda destacar o João Constantino, hoje em missão no Bié e com passagem também pelo Huambo, assim como o José Chaves, que chegou a representar o JD na primeira cidade, e hoje é gestor desta casa de informação no município do Andulo. Foram alguns dos nomes que deram impulso ao projecto do Jornal dos Desportos, iniciado por alguns jornalistas de referência como o malogrado Gil Tomás, António Ferreira “Aleluia”, actual director de Marketing da empresa, Fontes Pereira, Salas Neto e tantos outros, cuja marca está bem evidenciada no historial deste título.

O historial do percurso do JD não se circunscreveu apenas às figuras referenciadas. Pouco depois de surgir nas bancas, o JD admitiu outros jornalistas de referência, como Policarpo da Rosa, que até então assumia a edição das páginas desportivas do Jornal de Angola, Pedro Augusto, Mário Eugénio, Josefa Tomás, António Júnior e o malogrado Sardinha Teixeira, entre outros. Enfim, é impossível falar de um aniversário do JD sem mencionar o nome destes jornalistas e de outros que vêm dando cartas, como Melo Clemente, Paulo Caculo e Betumeleano Ferrão. É inquestionável referir aqui que, por obra destes nomes referenciados, do pessoal da área técnica, como paginadores, e fotojornalistas, como Nuno Flash, José Cola e outros, o Jornal dos Desportos conquistou o seu espaço. 

Foi, enfim, uma missão espinhosa, mas que valeu a pena pelo grau de profissionalismo demonstrado por muitos destes. O JD há muito que vem marcando presença nos grandes eventos desportivos. A história deste título vem desde os tempos em que era semanário, passando depois para bissemanário, até atingir a periodicidade diária em Agosto de 2007. No fundo, todos os profissionais desta casa sentem-se precursores do projecto que muito tem ainda por demonstrar.


ARTIGO DE FUNDO
Desgraças e sopas de tubarão

Não temos as maiores desgraças do Mundo. Ter sido afastado do CAN foi um pequeno pesadelo mas não uma grande calamidade. Se há pessoas que esperavam comer soma de tubarão no final do jogo entre os Palancas Negras e os Tubarões Azuis, comemorando, naturalmente, uma vitória dos primeiros e a consequente passagem à segunda fase do CAN, estas devem dar graças aos céus por não o terem feito. Seria uma sopa indigesta, com os tais problemas que dali poderiam advir. É que do muito que se diz da iguaria bastante apreciada em Banguecoque e China, a própria sopa pode matar, dado que as barbatanas do animal contêm mercúrio, segundo peritos, que é perigoso para a saúde humana. 

Quer dizer: o tubarão mata na água e na boca. E o facto de não ter havido sopa de tubarão no final do jogo entre Angola e Cabo Verde, longe de ter sido uma grande adversidade, foi ao invés uma graça, porque senão estaríamos a ser apanhados como se apanha o peixe, pela boca. A nossa desgraça é menor que a do campeão que sai pela porta pequena do CAN, sem tempo para mostrar o seu verdadeiro estatuto e de mostrar as suas patentes reluzentes, conquistadas no tal ano em que se dizia que o Mundo iria acabar. Um campeão com pouco tempo de reinado, mas lá dizia o outro, um rei é rei nem que seja só por um dia. O campeão ainda é campeão, teve os seus momentos de glória e fica agora à espera de sucessor.

Por lá anda um predador chamado Tubarão Azul. Que contraria um pouco as teorias científicas que o rotulam como o nono mais perigoso, devido à sua tenacidade, ou seja, é persistente. Cá por mim, tubarão é tubarão e deles quero distância. Um predador que mostrou gostar de camarão, comeu palancas sem qualquer constrangimento, rompeu com o curto anzol dos rapazes e cortou com os dentes afiados a juba dos leões. Anda por este CAN um Tubarão Azul tenaz, que saiu das profundezas dos oceanos para impor a sua lei nos relvados, desafiando os homens nos seus vaticínios quanto à sua capacidade de inverter resultados.

Não estou a ver, por exemplo, os Tubarões Azuis impávidos e serenos na imensidão do oceano, a olharem para estrelas negras, lançando do firmamento anzóis para as pescarem, até porque nunca vi, também, um tubarão a ser pescado por uma estrela lá do céu. O predador do CAN é um tubarão bebé, mas que quase num ápice se tornou adulto, que sabe o que quer (e o que não quer), e sem ter nada a perder começa a ser uma excepção, porque contraria as leias da natureza: vive no mar e “sobrevive na terra” com fome de vitórias. Amanhã é mais um dia em que Cabo Verde pode viver a sua festa. Não como sopa de tubarão, mas posso bem alimentar os meus apetites com uma boa cachupa.

in Jornal dos Desportos de 01.02.1013

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