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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Alexandre Dáskalos
Companheiros
Vinde companheiros!
Que os vossos braços se abram
Aos nossos braços de amigos.
- Toma uma cadeira. Senta-te. Conta:
Desditas, anseios, desventuras
E desse fulgor ardente que se avizinha
no teu olhar, cavado das viagens,
Como uma estrela numa noite morta...
Nós somos todos irmãos.
Ah, quando te invadir a solidão
e olhares à volta e sentires apenas
a presença perturbável dos teus ombros,
não estás só!
Vem até nós.
Estarás comigo.
Não será morta, a morta esperança
do teu olhar sem luz.
Mas que fôlego ingénuo na aventura
te lançou em tão inóspitos lugares
Deixando assim o teu lar, amigo?
Não contes, eu sei qual foi. Foi
essa vontade de produzir, de criar, de vencer...
Oh! Nossa terra, oh nossa mãe!
Como se casam em nós os prodígios
da natureza forte!
O húmus inculto das florestas
brota em nós, freme em nós, canta em nós
no grito de todos os gritos
na ânsia da tua descoberta!...
O amor dos nossos corações
transborda da nossa alma
como a força impulsiva dos teus rios...
Vês, companheiro, eu sou teu irmão,
Toma a minha mão, dá-me a tua mão.
In “Mensagem”
Casa dos Estudantes do Império
Lisboa, 1948
in Jornal de Angola de 06.02.2012
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